São decorridos hoje 31 anos da morte do extraordinário compositor, cantor e músico Raul Seixas, encontrado morto, em seu quarto, pela empregada, na manhã de 21 de Agosto de 1989. Mas, até hoje, permanece consistente e persistente o culto à sua memória, à obra e princípios ideológicos que o conhecido “Maluco Beleza” legou à música, fazendo-o ser lembrado com muita frequência e suas composições permanecerem tocadas diariamente em alguma emissora de rádio do Brasil.
Exemplo dessa quase veneração ocorre agora, neste primeiro semestre de 2020, quando o país e o mundo mergulharam no isolamento social decorrente da Pandemia do Coronavírus, e sua música “O Dia em que a Terra Parou”, passou a entrar na cabeça das pessoas, sendo associada a uma espécie de premonição acerca medo, da incerteza, do pavor e da insegurança que a doença trouxe ao mundo inteiro, fazendo com que tudo realmente parasse.
Raul Santos Seixas nasceu em 28 de junho de 1945 e ao morrer, ´portanto, contava apena 44 anos de idade
Ao sair de cena na cidade de São Paulo (SP), dias após lançar A panela do diabo (1989), álbum gravado com o discípulo Marcelo Nova, o Maluco Beleza já estava debilitado fisicamente e, justamente por conta dos problemas de saúde, já amargava declínio na trajetória artística, ainda que tenha gravado discos com regularidade de 1971 a 1989.
Roqueiro brasileiro que idolatrava tanto o seminal Elvis Presley (1935 – 1977) quanto o patrício Luiz Gonzaga (1912 – 1989), rei da nação musical nordestina que curiosamente também saiu de cena em agosto de 1989, Raul Seixas deu identidade nacional ao rock, expondo afinidades do gênero com o baião, para citar somente um exemplo de alquimia sonora.
Não foi o primeiro a ter tal atitude, mas, no rastro do caminho tropicalista aberto pelo grupo Os Mutantes entre 1968 e 1972, Raul debutou sozinho no mercado fonográfico em 1973 com álbum solo que ousava cruzar o rock até com estilizado ponto afro-brasileiro na música Mosca na sopa (Raul Seixas, 1973).
O Dia Em Que A Terra Parou, lançada em 1977, fala sobre um dia em que ninguém mais saiu de casa. Umm coincidência que nos coloca nos tempos atuais, em que o mundo quase todo está de quarentena por conta do corona vírus. A música ganha ares de profecia e impressiona quem a escuta nos dias de hoje.
Para quem tem ainda alguma dúvida sobre a capacidade de premonição de Raul Seixas, aí vai a letra da música “O Dia Em Que a Terras Parou, com todos os seus significados:
O Dia Em Que a Terra Parou
Raul Seixas
Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
Com o dia em que a Terra parou
Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Só que, ao morrer, Raul Seixas deixou, além da obra original, uma ideologia. É por elas que o nome do cantor e compositor permanece envolvido em aura mitológica 30 anos após a morte de Raul.
Fonte:Meio Norte