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O Ministério Público Federal detalhou durante a manhã desta quarta-feira (6) a operação Pripyat, desdobramento da Lava Jato que teve medidas cautelares conduzidas pela Polícia Federal, como mandados de prisão, cumpridos no Rio e em Porto Alegre. A corporação esclareceu, por exemplo, por que foi pedido o afastamento do presidente atual da empresa, Pedro Figueiredo, levado em condução coercitiva para a superintendência da PF no Rio durante a ação. Segundo a PF, ele foi afastado por haver evidências de que cometeu favorecimento pessoal para o ex-presidente da empresa, Othon Pinheiro, que cumpria prisão domiciliar, revogada durante a operação de hoje.

mpfRepresentantes do MPF e Polícia Federal explicam detalhes da operação Pripyat (Foto: Matheus Rodrigues/G1)
Segundo o MPF, Pedro Diniz Figueiredo interferiu no andamento das investigações internas sobre Othon que estavam sendo levadas a cabo por Comissão Independente de Investigação instituída pela Eletrobras. A Eletronuclear é uma subsidiária da empresa.
Ainda de acordo com o MPF, os mandados de prisões da manhã desta quarta tiveram como objetivo obter provas adicionais de crimes de organização criminosas, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro decorrentes de contratos da Eletronuclear, "em especial dos ajustes celebrados pela construtora Andrade Gutierrez para as obras de construção civil da Usina de Angra 3".
Além de sete mandados de prisão preventiva e três de temporária, foram expedidos para a operação mais nove mandados de condução coercitiva, e o bloqueio de bens e ativos de 17 pessoas físicas e jurídicas. Além disso um mandado de suspensão do exercício de função pública, o de Pedro Diniz. Segundo a PF, todos os alvos da operação foram localizados e, Às 10h58, estavam sendo processados pela superintendência. Além de Othon, entre os alvos estavam Luiz Antônio de Amorim Soares, Edno Negrini, Persio José Gomes Jordani, Luiz Manuel Amaral Messias e José Eduardo Brayner Costa Mattos — todos ocuparam funções de direção ou superintendência nos altos escalões da Eletronuclear.
"Nós atingimos outros escalões da Eletronuclear. Investigamos a relação desses funcionários públicos com esses empreiteiros. Observamos lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de recursos. Foi um trabalho coordenado entre a Polícia Federal e o MPF. É um prazer dizer que todos os alvos foram devidamente localizados e estão sendo processados pela superintendência", disse o delegado Frederico Skora, da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros.
Entre os mandados de condução coercitiva estão o do próprio Pedro e o de Valter Cardeal, cumprido em Porto Alegre. ele foi diretor da Eletrobras e era tido como um homem de confiança da presidente afastada Dilma Rousseff. Segundo o MPF, Cardeal "teve um papel ainda não devidamente esclarecido na negociação de descontos sobre o valor da obra de montagem eletromecânica de Angra 3 com posterior pedido e pagamento de propina realizado no âmbito dos núcleos políticos e administrativo da organização, conforme relatos de diversos réus colaboradores.
Também foram alvos da investigação pessoas ligadas às empresas Flexsystem, WW refrigeração, Eval, Legend, SP Terraplanagem e JSM Engenharia. Segundo o MPF, elas eram usadas para repassar propina paga pela Andrade Gutierrez. Da JSM, o MPF pediu a prisão de Adir Assad, que já cumpria prisão no Rio. Ele também era investigado em outras operações, também ligadas a lavagem de dinheiro, a Saqueador e a Operação Abismo.
Posteriormente, o delegado acrescentou que um mandado de condução coercitiva não foi cumprido, o de Antônio Miller, que estava no exterior. Ele é ligado a Flexsytem.
Prisão domiciliar retirada
A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira (6), mandados no Rio de Janeiro e em Porto Alegre relacionados à Operação Lava Jato. O desdobramento da investigação no Rio apura desvio de recursos na Eletronuclear. Dez mandados de prisão foram expedidos para alvos da operação no Rio e um de condução coercitiva em Porto Alegre.
Até as 8h35, três pessoas tinham sido detidas, inclusive o principal alvo da operação, o ex-diretor-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. A operação também levou em condução coercitiva para a superintendência da PF no Rio o atual presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo Diniz.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que coordena a força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. No despacho, ele também pede o afastamento de Pedro Diniz do cargo.
As investigações da PF dizem que um clube de empreiteiras desviava recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados às obras da Usina Nuclear de Angra 3. A operação, que foi batizada de Pripyat, apura crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Othon já cumpria prisão domiciliar e foi preso na Barra da Tijuca. O benefício da prisão domiciliar foi retirado porque as investigações indicam que, mesmo de casa, ele estaria atuando na Eletronuclear.

O ex-dirigente da Eletronuclear foi levado por volta das 8h45 para a sede da PF, na Zona Portuária do Rio, e, em seguida, para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste, onde estão os presos da Operação Saqueador, entre eles o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o contraventor Carlinhos Cachoeira. O G1 tenta contato com o advogado de Othon.
No Rio Grande do Sul, às 9h20, agentes cumpriram mandado de condução coercitiva e busca e apreensão contra Valter Cardeal, que foi diretor da Eletrobras e era um homem de confiança da presidente afastada Dilma Rousseff.
Em comunicado aos seus acionistas, a Eletronuclear informou que tomou conhecimento pela imprensa de "suposta operação da Polícia Federal, iniciada na manhã de hoje, envolvendo o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros.A Companhia está verificando o episódio noticiado pela imprensa e manterá o mercado informado", diz a nota.
Operação Pripyat
Participam da operação, no Rio e em Porto Alegre, 137 policiais. O nome da ação é uma referência a uma cidade perto da usina de Chernobyl, na Ucrânia, que fazia parte da então União Soviética. Moradores tiveram que deixar o local às pressas após o desastre nuclear na usina, transformando-a numa cidade fantasma.
Além dos mandados de prisão, serão cumpridos também de busca e apreensão e condução coercitiva — quando alguém suspeito de ser ligado ao caso é levado para prestar depoimento e depois liberado.
No Rio, agentes estiveram na sede da Eletronuclear, no Centro do Rio, e na casa de alvos da operação na Barra da Tijuca e em outras regiões da cidade. Segundo o sindicato de funcionários da estatal, no prédio da empresa, os agentes estiveram na sala da presidência e na sala do cofre.

Desmembramento da Lava Jato
A ação penal sobre o esquema de corrupção na Eletronuclear foi desmembrada da apuração de irregularidades na Petrobras no dia 29 de outubro, e encaminhada para a Justiça Federal do Rio. Com o desmembramento, deixou de ser julgada na Justiça Federal do Paraná, onde tiveram início as investigações da Lava Jato.
Othon está afastado da Eletrobras desde abril do ano passado por conta das investigações. Em 28 de julho, foi preso na 16ª fase da Lava Jato, acusado de receber R$ 4,5 milhões de propina das obras da Usina Nuclear de Angra 3. Inicialmente, o ex-diretor ficou detido em um quartel do Exército em Curitiba. Em novembro, foi transferido para o 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, e atualmente está em prisão domiciliar.
Em junho deste ano, o MPF pediu a condenação de Othon por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e obstrução da Justiça. Na ocasião, o advogado do ex-diretor da Petrobras afirmou que ele só se pronunciaria nos autos.
Em abril, em depoimento na 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, o ex-presidente admitiu que usou contratos de fachada feitos com empresas de amigos para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, mas negou que fosse propina.

 

Fonte: G1