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O delegado da Polícia Federal (PF) Rodrigo Sanfurgo disse, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (7) em Curitiba, que chama a atenção a terceirização dos serviços que os envolvidos na 32ª fase da Lava Jato utilizavam para lavar dinheiro.


"Nós entramos na área da terceirização do crime organizado. A investigação já se deparou com doleiros, com operadores, com empresas de fachada e, obviamente, como é muito dinheiro, outras estruturas estão sendo descobertas e desvendadas. Nós chegamos então ao ponto de nos depararmos com uma instituição financeira, o FPB Bank, utilizada para viabilizar o fluxo de capitais", explica.


A atual fase, batizada de "Caça-fantasmas" cumpriu 17 mandados judiciais em São Paulo, Santos e São Bernardo. A ação é um desdobramento da 22ª fase da operação, denominada de Triplo X.

 

O banco, que tem origem panamenha, não tinha autorização do Banco Central para atuar no Brasil e realizava os serviços clandestinos através de escritórios localizados em São Paulo. "Existia uma exclusividade dos serviços, ou seja, os investigados iam até a casa dos clientes, como uma espécie de atendimento personalizado", acrescentou Sanfurgo.

 

E, mesmo atuando clandestinamente, os investigadores ressaltam que o banco tem um site próprio, com informações traduzidas, inclusive, para o português.
As investigações apontam que o banco atuava em conjunto com a Mossak Fonseca, empresa investigada na operação e que, de acordo com as autoridades, participava de uma verdadeira lavanderia de dinheiro, criando outras empresas para viabilizar a circulação de valores de forma ilegal.


foto 12Polícia Federal fala em coletiva de imprensa sobre a 32ª fase da Lava Jato (Foto: Alana Fonseca / G1)"Não é por outro motivo que a MOSSACK FONSECA possuía em seu escritório um telefone para contato direto e seguro com os investigados, cujos nomes e ramais ficavam em posição de destaque no citado telefone criptografado", diz o inquérito policial.


Um dos mandados de condução foi cumprido contra Edson Paulo Fanton, que é representante do banco no Brasil. A PF chegou ao prédio onde ele mora, no bairro do Gonzaga, um dos principais de Santos, por volta das 6h10. O investigado não ofereceu resistência e acompanhou os policiais até a sede da Polícia Federal, onde prestou o depoimento.

 

Os outros alvos das conduções coercitivas são: Edsel Okuhara, Elizabeth Costa Lima, Isidora Maria Solano Carmona, Carla Fabiana Giuseppe, Celina Daiub Pirondi e Marilene Alves Ferreira. De acordo com a PF, eles são os responsáveis, no Brasil, por operar o banco FPB Bank em um esquema transnacional de lavagem de dinheiro.


O valor que teria sido movimentado irregularmente no Brasil não foi divulgado pelos delegados da PF e procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Quatro investigados na Lava Jato movimentaram dinheiro com offshores ligadas a Mossak Fonseca, segundo a investigação: Pedro Barusco e Renato Duque, ex-gerentes da Petrobras, o empresário Mario Goes e Roberto Trombeta.


O delegado Rodrigo Sanfurgo também afirmou que a atuação do FPB Bank no Brasil "não é recente". No entanto, ele não declarou o período ao qual os criminosos atuaram no esquema ilegal.


De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), foram identificadas 44 offshores constituídas pela Mossack Fonseca por solicitação dos funcionários do banco clandestino. Em documentos apreendidos na 22.ª fase, a instituição panamenha é apontada como cliente e constam como referência exatamente os funcionários do banco que atuam no Brasil.


Os funcionários do banco panamenho no Brasil, além de atuarem de forma clandestina, garantiam anonimato aos seus clientes, pois, a partir da constituição das offshores, abriam e gerenciavam contas bancárias no exterior em seus nomes, permitindo a ocultação dos valores, havendo evidências de que offshores fornecidas pela Mossack foram usadas para ocultar recursos provenientes dos desvios perpetrados em detrimento da Petrobras, ainda segundo o MPF.


O nome Caça-Fantasmas "remete, dentre outros aspectos, a um dos objetivos principais da investigação que foca na apuração de verdadeira extensão obscura da instituição bancária no Brasil, bem como a vasta clientela que utiliza de seus serviços e do escritório Mossak Fonseca para operações financeiras com características de ilicitude e de forma oculta", destacou a PF.


RESUMO DA 32ª FASE
– Objetivo: investigar crimes contra o sistema financeiro nacional, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa transnacional.
– Mandados judiciais: sete conduções coercitivas e 11 mandados de busca e apreensão.
Os alvos das conduções coercitivas são representantes no banco no Brasil. São eles:
- Edson Paulo Fanton
- Edsel Okuhara
- Elizabeth Costa Lima
- Isidora Maria Solano Carmona
- Carla Fabiana Giuseppe
- Celina Daiub Pirondi
- Marilene Alves Ferreira
– O que foi descoberto: a atual fase identificou que o banco panamenho FPB Bank atuava no Brasil, sem autorização do Banco Central, com o objetivo de abrir e movimentar contas em território nacional e, assim, viabilizar o fluxo de valores de origem duvidosa para o exterior, à margem do sistema financeiro nacional.
O que dizem as defesas
O G1 tentou falar com Fanton e com a advogada dele quando os dois deixaram a sede da PF em Santos, por volta das 10h30, mas eles não quiseram se pronunciar.
A reportagem tenta contato com as defesas dos demais envolvidos.

22ª fase
A 22ª fase foi realizada no dia 27 de janeiro deste ano e tinha como alvo apartamentos da empreiteira OAS que, segundo investigações, podem ter sido usados para repasse de propina do esquema de corrupção da Petrobras.
A ação mirou suspeitos de abrir empresas offshores e contas no exterior para ocultar propina. Entre os crimes investigados estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Oitenta policiais participam da ação.
Segundo a PF, a empresa Mossack Fonseca abriu offshores para esconder a propriedade de apartamentos de luxo em Guarujá, litoral de São Paulo, que eram da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) e que, em 2009, foram assumidos pela OAS.
A suspeita incial era de que as unidades teriam sido usadas para repasse de propina. Um desses apartamentos está no nome da empresa Murray, uma offshore aberta pela Mossack.

 

Fonte: G1