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A cada cem minutos, pouco menos do que a duração de uma partida de futebol, algum ponto do Grande Rio é palco de uma situação envolvendo um ou mais disparos de arma de fogo. A média foi calculada a partir de dados do aplicativo Fogo Cruzado, da Anistia Internacional, compilados com exclusividade pelo órgão a pedido do EXTRA. Entre 3 de agosto e 3 de outubro, os dois primeiros meses de funcionamento da ferramenta, houve um total de 872 notificações registradas no app, que reúne informações publicadas na imprensa, fornecidas pela Polícia Militar ou cadastradas pelos próprios usuários.

91bf97d103461078a6814222d846e284Rio registra um tiroteio a cada cem minutos, aponta aplicativo da Anistia Internacional.(Imagem:Divulgação)

Entre as cinco áreas com maior incidência de tiros, quatro contam com uma ou mais Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) — Complexo do Alemão, Penha, Copacabana e Cidade de Deus. A exceção fica por conta de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que aparece no terceiro posto do ranking, conforme consta no infográfico acima.

A Baixada, aliás, também aparece nas primeiras posições quando o assunto é o número de mortos ou feridos em decorrência dos tiroteios. Além de Nova Iguaçu, surgem entre as piores no quesito as cidades de São João de Meriti, Duque de Caxias e Queimados.

— Essas informações precisam ser levadas em conta para a construção de uma política de segurança mais eficaz. A gente precisa de ações específicas para regiões específicas — analisa Cecília Olliveira, consultora da Anistia Internacional e gestora de dados do aplicativo.Sem hora para acontecer

O levantamento reforça a impressão de que o morador do Rio pode ficar em meio ao fogo cruzado a qualquer hora do dia. A distribuição de ocorrências entre manhã, tarde, noite e madrugada se dá de maneira bem similar, com diferença máxima de 27 casos, ou apenas 3%, entre os 233 acontecidos de meia-noite às 6h e os 206 registrados entre meio-dia e as 18h.

Da mesma forma, tampouco é necessária a existência de uma ação policial para que os disparos tenham início. Entre as 872 situações de tiro compiladas ao longo dos dois meses, somente 126 — ou uma a cada sete, aproximadamente — tiveram relação com operações realizadas pelas forças estaduais de segurança.

Além disso, quase um terço dos tiroteios no período resultaram em pelo menos uma pessoa baleada. Foram 65 policiais atingidos por disparos, sendo 18 mortos, e outras 233 pessoas alvejadas, com 103 delas vindo a óbito — aí incluídos também os autos de resistência, ou mortes de suspeitos em confronto com a polícia.

— Esses são números realmente assustadores. Estamos imersos numa situação de violência armada muito alarmante. Pela quantidade de ocorrências registradas, podemos dizer até que são poucas as mortes — afirma Cecília Olliveira.

Sem sobreposições

Os dados da ferramenta Fogo Cruzado não consideram sobreposições. Dessa forma, um mesmo tiroteio relatado por vários usuários e também pela imprensa, por exemplo, será computado uma única vez para fins estatísticos.

Mais de 50 mil usuários

Até hoje, cerca de 52 mil pessoas já baixaram o aplicativo, disponível para Android e iOS (o sistema operacional dos iPhones). Como os responsáveis não monitoram detalhadamente a atividade dos colaboradores, por questões de segurança, não é possível saber quantos são os usuários ativos.

Parcerias

Em sete pontos da Região Metropolitana do Rio, nas chamadas áreas piloto, a Anistia Internacional firmou parcerias com coletivos e grupos de comunicadores locais para agilizar a comunicação e a conferência dos casos. São elas: os complexos da Maré e do Alemão; as comunidades de Acari, Jacarezinho, Cidade de Deus e Manguinhos; e o bairro Morro Agudo, em Nova Iguaçu.

Relatórios

No site da ferramenta (http://fogocruzado.org.br), também são publicados relatórios com análises parciais periódicas. No período de sete dias que terminou na última segunda-feira, quando uma série de confrontos ocorreu no Pavão-Pavãozinho, foram registradas 80 situações com disparos de arma de fogo. Dessas, sete se deram em Copacabana, bairro onde fica a comunidade.

Fonte: Extra