Hoje é o Dia Mundial da Saúde Mental, uma data que tem como máxima a conscientização e defesa da saúde mental em nível mundial contra o estigma social. O Jc24horas entrevistou a coordenadora do CAPS II, em Floriano, Cristina Garibaidi, sobre a importância da data e os desafios da pasta.
JC - Cristina, hoje, Dia Mundial da Saúde Mental, você como uma administradora que cuida disso, como está sendo o trabalho, como estão sendo cuidados os florianenses que passam por estes problemas?CRISTINA - Dentro do município de Floriano é um trabalho árduo, mas que a gente luta todos os dias pra dar qualidade de vida a essas pessoas que tem algum tipo de transtorno mental. Em Floriano, temos dois CAPS... o CAPS II que é para pacientes com transtornos mentais primários e o CAP AD III, que é para pacientes com transtornos decorrentes de uso de alguma substância, álcool e outras drogas.
JC - Quantas pessoas são atendidas no CAPS?
CRISTINA - Hoje no CAPS II, onde sou diretora, temos em torno de 10 mil prontuários de adultos e cerca de 600 prontuários infantis. É uma demanda muito grande... não necessariamente atendemos esses diariamente, mas são pacientes que já passaram por aqui. Diariamente atendemos em torno de 250 pacientes.
JC - No início da gestão o Jc24horas fez uma matéria sobre a questão de falta de medicamentos... como está está a demanda hoje?
CRISTINA - Dentro do município temos duas farmácias, tanto no CAPS II como no CAPS AD III, com distribuição de medicamentos controlados. Os medicamentos não são entregues somente aos pacientes que fazem tratamento nos CAPS, mas para todo cidadão florianense. Qualquer paciente que seja atendido em UBS, na UPA, seja onde for que saia com uma receita de medicação controlada, pode se dirigir ao CAPS, e a gente possuindo o medicamento ele vai receber. Então, a demanda de procura por medicamentos é grande, e assim, dentro do custeio municipal, não consegue... a gente faz de tudo pra conseguir suprir essa necessidade, mas diante dessa demanda temos dificuldades em suprir de forma plena.
JC - Temos um tipo de público que é aquele que frequenta quase que diariamente... esses também passam pela mesma dificuldade em conseguir o medicamento?
CRISTINA - Sim, assim, como eu falei... é uma grande quantidade de pessoas que precisam dessas medicações que são oferecidas aqui, elas... a gente tem pacientes que são intensivos né? Que é os pacientes intensivos, a gente trata eles como pacientes intensivos. São aqueles pacientes mais vulneráveis, que não têm problemas sociais juntos ao problemas de transtorno mental [...] esses passam o dia inteiro aqui dentro do CAPS e fazem o uso das medicações aqui. Esses a gente dá uma prioridade, que é como se estivessem em internação. Até porque são pacientes que estão em surto, em crise psicológica.
JC - Em relação ao atendimento 24 horas, como está sendo feito?
CRISTINA - O CAPS II funciona de 08h00 às 18h00 e o CAPS AD II funciona em regime 24 horas.
JC - A gente tomou conhecimento de problemas de comportamento de alguns internos, inclusive causando problemas na rua e usavam a questão da internação como forma de escapar do poder jurídico. Esse problema permanece?
CRISTINA - O CAPS trabalha com redução de danos, e não prende ninguém... não obriga o paciente a nada. A gente oferece apoio, tratamento, mas sem obrigação. Redução de danos é quando eu consigo tirar o paciente por algumas horas ou ele consiga buscar o serviço por algumas horas, mesmo sem aceitar a internação, nós conseguimos reduzir os danos.
JC - Algumas famílias têm dificuldades em trazer seus entes queridos, não somente por uma questão de transporte, mas por uma questão de resistência. Ainda existe o trabalho de busca ativa?
CRISTINA - Sim, essa é uma das tarefas mais repetitivas dentro do nosso trabalho com saúde mental. Ela é feita diariamente, com cronograma e planejamento. Assista à integra da entrevista no vídeo:
Da redação: Abdias Castro