Foi assim: ninguém acreditava em João Dória. Mas Geraldo Alckmin resolveu apostar no empresário que desafiava as principais lideranças do PSDB – e, para surpresa de muitos, ele não apenas venceu as prévias tucanas como levou a prefeitura de São Paulo no primeiro turno. Mas logo a criatura se voltaria contra o criador. E agora cria novos embaraços para a trajetória de Alckmin, que sonha com o Palácio do Planalto.
As dificuldades começaram logo que Doria assumiu a prefeitura, há pouco mais de um ano: o afilhado se animou com a possibilidade de ser ele mesmo o candidato à presidência da República, o lugar pretendido pelo padrinho. Alckmin e Doria chegaram a demonstrar animosidades publicamente. Mas Doria perdeu fôlego e decidiu disputar o governo de São Paulo, com Alckmin seguindo com o sonho brasiliense. Parecia a pacificação.
Não foi. A mudança de projeto não tirou de Doria a condição de pedra no sapato do presidenciável tucano. Ontem, na prévia do PSDB na qual foi escolhido candidato ao Palácio dos Bandeirantes, o ainda prefeito paulistano atirou pra valer no PSB do vice-governador Márcio França. Isso porque Márcio assumirá o governo com a saída de Alckmin e vai disputar a reeleição.
Ao atirar no futuro adversário, Doria acertou em cheio o presidenciável tucano. De fato, Alckmin gostaria de ter apenas um candidato ao governo – a preferência recaía sobre França. Mas terá que dividir palanques em São Paulo. Até aí, tudo bem. O problema é que Márcio está se colocando como um articulador fundamental de Alckmin Brasil afora.
Um bom exemplo da atuação de Márfio França em favor de Alckimin foi o esforço que fez, aqui no Piauí, para o PSB não deixar Átila Lira e Rodrigo Martins abandonassem a sigla. Ele quer um PSB forte como sustentáculo fundamental do candidato tucano. Os ataques de Dória não ajudam a criar um clima positivo dentro do PSB, que foi chamado de partido oportunista – que se alia a todo tipo de aliado.
Silêncio de Alckmin causa mal-estar
Os problemas na relação entre Doria e Alckmin parecem ser verdadeiramente fortes. As animosidades se revelam não apenas nas críticas feitas pelo prefeito ao PSB. Elas também dão mostras no silência do governador quanto à vitória de Doria nas prévias do partido.
Para dizer o mínimo, causou mal-estar no PSDB a ausência de Geraldo Alckmin no diretório estadual do partido depois da acachapante vitória de João Doria nas prévias. Os seguidores de Doria passaram o recibo, sim: se diziam “estupefatos” com o silêncio do governador. A avaliação era que Alckmin deveria fazer um gesto para unificação do próprio partido após um processo de disputa conturbado. Com o silêncio, mantém o clima tenso e cria embaraços para a própria candidatura no quintal de casa.
Fonte:cidadeverde.com